O meu lago tingiu-se de desespero, pois a unica pessoa que amei, o meu orvalho, partiu, e nunca mais vai voltar. Haverá alguém que me salve a tempo? alguem me alcançara??

Hoje

Hoje percebi que nado neste lago sozinha, e as próprias algas que criei me puxam os pés afogando-me sempre na minha própria mágoa.. Como almas penadas no rio Cocytus..

Foste acabar no lago... nao por culpa tua.

As coisas acontecem assim por vezes... e é triste...

mas agora, nestas margens, o orvalho permite-se ser colorido.

a música baila nos ouvidos e danço ao seu ritmo, cada goticula que encntro ergue-se e dança comigo, e depois...volta a ser apenas uma gota....


Sabe melhor do que imaginam.

Confusão... o lago inundou-me

Mas como consegues?

Sempre te ergues das águas e me obrigas a olhar para essas margens... e agora não sei se o orvalho me poderá salvar... estou hipnotizada, presa pelo passado que não esqueci, pelo passado que quero voltar a sentir....fiz uma promessa que tenciono cumprir...

Deturpas-me o pensamento orvalho, deturpas-me o pensamento...

Não toquei as águas, mas tenho os dedos húmidos...sabem a sal... serão lágrimas?

Orvalho e eu escrevendo juntos ^-^

orvalho... tu que tão levemente me iluminas as margens... tu que me fazes sonhar...

Como o fazes? Como voltas bailando tão suavemente??

Orvalho, quando me tocaste...quando nos fundimos, tornei-me chuva e agora fluo pela erva bailando nos teus braços, dançado freneticamente...

Ó tu chuva minha que vens dançando do céu vestida como tal...és tu que mantens as raízes deste velho e cansado da vida orvalhos...és tu que me molhas..és tu que me das a luz de que preciso para viver...és sol, água e alimento...és tudo...como e que algum dia podem ter querido acabar com a nossa felicidade minha chuva??

Sei apenas que hoje graças ao que sobrevivemos juntos...eu cresci, tornei-me não numa pequena planta da tua vida, não no pequeno orvalho que habita as tuas margens esperando que me venhas ver, esperando que me molhes de novo... já não sou isso... agora segundo os sussurros das gotas da chuva sou majestosamente o carvalho vermelho que paira no meio do teu lago..suportando toda a tua existência...agora não sou orvalho...sou árvore que aguenta o peso do mundo por ti...contigo...junto a ti....

3ª Vez orvalho...3ªa vez...

Orvalho que me iluminas os dias...
Orvalho que me lavas as margens...
Orvalho que me purificas a alma...
Foste bailando e fluindo nos encantos da chuva... quase fizeste parte desse lago...


...fica atento a armadilhas...

E há luzes nas margens deste lago, no meio do nevoeiro, faz-se festa aqui, sento-me só na beira do lago e espero por quem me queira vir fazer companhia... então ergues-te das águas onde residem aqueles que não esqueci e danças comigo...

Nunca voltarás a ser orvalho...